quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Vida de surfista profissional.

Por: Leonardo Menezes

É comum vermos passando na televisão filmes, competições e trips de surf pelo mundo mostrando ondas perfeitas e paisagens belíssimas, onde encantam os olhos das pessoas que estão do lado de fora da telinha. Atualmente, o surf não é apenas visto como um esporte, mas também como um bom negócio, pois envolve moda, cultura, entretenimento, religião, entre outras coisas. É notória a presença dessa tendência na vida das pessoas, que se vestem com produtos da indústria do surf, fortalecendo dessa maneira, a cultura que envolve esse esporte que vem crescendo a cada dia, tornando-se assim ainda mais popular e valorizado. Não é por menos que essa indústria é hoje a segunda mais rentável do mundo.

Enquanto isso, os atletas que vivem desse esporte, que são os responsáveis por esse crescimento, veem de perto, com olhos atentos, o que acontece em torno deles, cuidando para que a essência dessa prática não se perca no meio de tanta informação. O que era antes um esporte considerado marginal, hoje é visto como um estilo de vida. Acabou o tempo em que surfista era sinônimo de vagabundo, drogado, alternativo, revoltado ou algo do tipo. Surf além de lazer, também é trabalho, compromisso e responsabilidade, não só das marcas, lojas, entre outros, mas principalmente dos surfistas.

Diante de todo movimento em torno desse esporte, de seus praticantes, e desse grandioso mercado... É importante ressaltar a grande diferença que existe entre ser um “free surf” e ser um “surfista profissional”. O surfista free surf é aquele que não tem compromisso com competições, que praticam por lazer, por paixão, onde a maioria deles não recebem, financeiramente, para praticar esse esporte. Vale a observação de que há free surfes que são patrocinados e recebem salários só para surfar e mostrar seu talento. Esses patrocínios geralmente acontecem por parte das marcas que veiculam seu negocio a um bom atleta, proporcionando assim ganhos para ambos os interessados. Esses atletas, hoje em dia, são chamados de surfistas de Free Surfes Profissionais. Em contrapartida existem os Surfistas Profissionais, ou seja, atletas que vivem do surf e tiram dele seu sustento, seja através do seu patrocinador, como também do retorno financeiro das competições. Há quem pense que viver do surf é fácil, quando a realidade não é bem assim... “A vida que pediu a deus”! “Bom demais ser surfista”! “O trabalho que eu sempre quis”. É comum escutar esses dizeres constantemente, muitos não sabem das grandes dificuldades que um surfista profissional passa, dos vários perrengues em viagens e campeonatos. Ser um surfista profissional não é fácil! Viagens, passagens, hospedagens, alimentação, transporte, inscrições, equipamentos de trabalho, tudo isso é investimento que os mesmo precisam para competir.

“Ser um surfista profissional também é abrir mão de muitos confortos, sempre estar longe de casa, longe da família, longe dos amigos, perder datas especiais, entre outras coisas”. Comenta Bernardo Miranda (Pigmeu).

A vida de um surfista profissional de elite é no mundo. Longe de casa. Fazendo viagens de um estado para outro, de uma cidade para outra, de um país para o outro. Arruma e desarruma mala, entra e sai de pousada, vários voos em diferentes aeroportos. Entra e sai de conduções! As dificuldades são muitas, mas o amor pelo surf é maior. E o bom é que nessas viagens se faz muitas amizades, que em algumas horas, quando é preciso, sempre se consegue uma ajuda. Conhecer novas culturas, viver momentos inesquecíveis, ganhar a vida fazendo o que gosta valorizar cada instante junto à natureza... E praticando esse esporte tão apaixonante e grandioso. Isso tudo é o que move esse atleta para querer ser o melhor sempre, e não desistir de lutar pelo seu objetivo. São os guerreiros da natureza que precisam abrir mão do apego, para atingirem suas metas.

O lado positivo disso tudo é o surgimento de bons atletas, o desenvolvimento do próprio esporte, e a melhoria significativa no mercado do surf. O lado negativo de toda essa evolução é perceber grandes talentos sem patrocínio, devido a esse aumento na concorrência. Mas que de certa forma transforma essa disputa em combustível para os atletas que realmente querem conquistar o seu lugar ao sol, ou melhor, ao mar. Como disse o Luel Felipe:
“Falta de patrocínio, dificuldades para viajar, vitorias e derrotas... A vida de um surfista Profissional é assim: altos e baixos”.

Não é fácil correr os eventos com patrocínios, o que dirá sem. E apesar do mercado do surf ser o segundo maior no mundo, é comum ver prancha sem adesivo no bico. Isso ocorre justamente pelo fato das muitas empresas que vivem da imagem desse esporte, não estarem dispostas a investir em quem mais o divulga: o surfista! Por outro lado, vale enfatizar que somente os bons e verdadeiros surfistas merecem, e conquistam os seus objetivos. Pois não basta ser bom apenas dentro d’água. Tem que dar o exemplo fora também. Isso é o que busca uma grande marca: um atleta que seja admirado, respeitado, que sirva de ícone para a sua e as demais gerações. Ser um surfista profissional é ter disciplina, respeito e compromisso com seus patrocinadores. É saber passar uma boa imagem para quem está apreciando o esporte. É perder com dignidade. É ser, e saber ser, um vencedor. É simplesmente ser um profissional capaz de dar bons exemplos dentro, e fora d’água.

2 comentários:

Anônimo disse...

Demaaais!

Carlos Alves disse...

Expressou muito bem, e me incentivou bastante. Obrigado!

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