quarta-feira, 24 de março de 2010

JNCHARLES novo atleta Myllys.


Por: Redação Myllys



“O J é de quê?... José! E o N?... E o N?... Ah vá... Nivaldo, José Nivaldo! E por que Charles?”.

O apelido desse sergipano de 24 anos, nascido em Aracaju, surgiu ainda criança, quando curtia o som da banda Charlie Brown Jr. Há muito tempo, ele impressiona skatistas, fotógrafos, vídeomakers e pessoas, envolvidas ou não no esporte, com seu estilo técnico e alegre. Os 11 anos de skate lhe deram experiência e a oportunidade de conhecer lugares pelo Brasil e países da Europa. Sua humildade, além de ter ajudado a superar muitas dificuldades, foi um dos principais fatores que contribuiu para conquistar respeito e a simpatia de todos. Estas, são algumas partes que compõem a história de vida do skatista Amador José Nivaldo ou, simplesmente, JN Charles: o novo atleta Amador da Myllys!


Como era sua vida antes do skate e o que fazia?

Antes de conhecer o skate, fazia parte do grupo de escoteiro mirim (dos 10 aos 13 anos), ia para a escola e jogava vídeo game. Então com 13 anos larguei o escoteiro para andar de skate.


E como você conheceu o skate?

Era sete de setembro e eu ia desfilar pelos escoteiros na Av. Barão de Maruim em Aracaju, quando uns caras passaram com os skates. Um deles colocou o skate no chão e deu um flip. Na época nem sabia qual era a manobra. Fiquei impressionado! Quando cheguei em casa contei o que tinha acontecido para meus amigos e eles disseram que tinha a feira das trocas no bairro Siqueira Campos que poderia encontrar um carrinho. Consegui comprar um daquele antigo, tubarão mesmo, por cinco reais. Fiquei muito feliz!


Onde e com quem você andava com esse skate tubarão?

Eu ficava na escola só esperando a hora de chegar em casa para andar de skate. Nos primeiros dias andei numa área que tinha na frente da minha casa, depois fui ganhando mais confiança e comecei a andar em umas ruas asfaltadas que ficavam a duas quadras de onde morava.


Nessa época quem eram suas influências?

Ainda não tinha influência. Conheci um cara chamado neguinho “Fi da bala” bem depois. Ele tinha o ollie mais alto que já tinha visto, pulava quatro skates encaixados. O meu nem pulava um cabo de vassoura deitado. Fi da bala me levou para vários picos. O primeiro foi o calçadão do bairro 13 de Julho, lá vi vários caras mandando manobras e isso me instigou a querer andar como eles.


Como, onde e quando foi seu primeiro campeonato?

Meu primeiro champ foi em 2000, na 13 de Julho. Eu era Mirim e fiquei em último lugar. Depois tiveram outros, inauguração da pista do Mosquito, onde fiquei em quinto e ganhei uma medalha. Em outro fiquei em terceiro, ganhei algumas roupas que deram certinho em mim. Como era mês de dezembro disse a minha mãe que não precisava comprar roupas, porque havia ganhado as que queria no campeonato.


De que forma você mantinha seu skate?

Então, passei uma fase de minha vida que nem roupas boas eu tinha para vestir. Me virava como podia, na honestidade. Pegava carrego na feira e catava latinha, aí a grana que conseguia era menos que trinta reais. Apesar de pouco, dava para comprar um shape usado e uns rolamentos que só faziam estourar. Às vezes ganhava uma coisa aqui, outra alí. Vários caras, como o Alexandre “Pequeno”, Marcus “Piu Piu” e Fi de Bala, me ajudaram muito. Hoje superei as necessidades que tive e agradeço a todos que acreditaram em mim.


Você evoluiu rápido e atualmente é considerado um dos grandes nomes do skate Amador do Nordeste e também do Brasil. Como isso mudou sua vida?

Ganhei mais experiência de vida. Tenho muitas oportunidades que várias pessoas gostariam de ter e dou valor como se fosse uma promessa, pois quando me enxergo como um skatista Amador e que levo o nome e o sotaque nordestino, faço o meu melhor. Levo um tombo atrás do outro e me levanto com a cabeça erguida e com vontade de ir mais longe. Minha família respeita as minhas atitudes. Uma vez minha mãe me falou que se sou feliz não devo parar e continuou dizendo que se ela pudesse, ajudava a manter meu skate.


E como foi a experiência de viajar conhecendo o Nordeste todo através do Diário de Motoca?

Já tive vários sonhos, mas o Diário de Motoca foi o mais inesquecível. O convite foi feito por Júlio Detefon em um dia e no outro já estávamos na estrada. Vi várias coisas que me ajudaram e me ajudam até hoje: lugares horríveis para se andar de skate e a galera conseguia enxergar o melhor lugar do mundo. Quando eu vi, realmente, os melhores skates e os melhores lugares para se andar, criei em mim mais vontade de entender o que é o skate. Até hoje, as pessoas me perguntam como foi essa viagem.


Você acredita ter aberto algumas portas para sua carreira em alguns lugares?

Sim, porque hoje temos que fazer alguma coisa diferente para ser reconhecido e depois do Diário de Motoca, tive um pouco mais de atenção.


Como Amador, você já vivenciou o que muitos profissionais queriam ter vivido e conquistado, com uma boa entrevista na revista Cemporcento Skate e uma viagem para Europa. Fale um pouco sobre isso.

Sempre sonhei com essas coisas de fazer entrevista numa revista de skate e viajar para andar de skate num lugar que é cobiçado por todos os skatistas do mundo. Eu realizei meu sonho, mas minha mente não para de sonhar. Sempre quis alcançar esse lugar e agora que consegui não posso ficar parado. Quero ir mais longe!


Um dos frutos da viagem pela Europa foi uma parte no vídeo Cesar Prod. Como foi isso?

Então, o legal é que uniu a viagem com a oportunidade de poder ter uma parte no vídeo de skate da Suíça. Na época que surgiu o convite estava em São Paulo. Conheci o Tristan (videomaker e dono da Cesar Prod) quando estava andando de skate. Ele me perguntou se podia me filmar e respondi que sim. Filmamos uma, duas, várias vezes. Ele me falou que estava voltando para a Suíça em duas semanas e se eu filmasse mais algumas coisas, poderia fazer uma parte no vídeo. Como já ia ganhar uma passagem de Armando “Badá” e do Benjamin “Ben” [ex-patrocinadores] para a Europa, Tristan me convidou para ir com ele para Barcelona, Espanha e Genebra, na Suíça. Só que primeiro fui para a França, fiquei na casa do meu amigo Ben depois peguei um trem para Espanha, onde me encontrei o Tristan. Fiquei um tempo lá e depois fui para Genebra.


E por que você voltou, já que o sonho de muitos skatistas é ir para a Europa e ficar por lá?

Então, tinham muitas coisas para acontecer e estava correndo atrás. Tinha a oportunidade de mora lá, mas eu teria que ficar ilegal e não ia mais poder sair da cidade ou país que estivesse. Tive que decidir se ficava ou voltava e optei por voltar para ter meu documento certinho e poder voltar outras vezes. Se eu ficasse podia ter arrumado um trampo e mandar uma grana para minha família, só que não teria liberdade para poder andar de skate. Alguns amigos pediram para que eu não ficasse para trabalhar e sim voltar e continuar a minha caminhada com skate. Então, voltei.


O que faz além de andar de skate quando está em Aracaju?

Levo uma vida tranquila. Trabalho na Venice skateshop, que também me patrocina, tenho uma princesa, curto um rolê de bicicleta pela praia, tomo banho de cachoeira...


E como rolou o convite para fazer parte da equipe Myllys Skateboards?

Foi meio que acontecendo. O Roberto [diretor de marketing] já tinha ouvido falar de mim e um dia surgiu a oportunidade de conversar com ele. Eu estava sem patrocínio de roupa e a Myllys apareceu em um bom momento.


Atualmente, como você vê a Myllys e quais são seus planos dentro da marca?

A Myllys é uma marca que investe no skate e aos poucos vem conquistando seu espaço merecido no mercado. Fico feliz de fazer parte de uma equipe como essa! Pretendo fazer vários trabalhos, render muita coisa boa dessa parceria e, claro, andar muito de skate e representar a Myllys com profissionalismo.


Falando em profissionalismo, quando pretende passar para Pro?

Passar para profissional eu quero, assim como vários skatistas. Mas, como aqui no Brasil é mais difícil, terei que trabalhar um pouco mais para ser reconhecido, ter um suporte legal e não me faltar nada. Daí sim, conversarei com meus patrocinadores sobre isso. Vou trabalhar para que seja em breve!


Agradecimentos

Agradeço a minha família que sempre me apoiou, aos meus amigos que me ajudaram para que eu acreditasse nisso, a todos meus patrocinadores (Venice, Future, Crail, Viva, Freeday, Myllys, Cesar Prod e NSC), aos que já me patrocinaram e a todos que não citei, mas estão guardados na memória para sempre.


Deixe um recado

Corra atrás e lute pelo seu sonho, pois basta querer. Almeje um lugar, não deixe ninguém e nada atrapalhar você. Olhe para o que já vivenciou e retire forças para continuar a caminhada.


JN Charles, obrigado!


Lembra do começo da entrevista? “O J é de quê?... José! E o N?... E o N?... Ah vá... Nivaldo, José Nivaldo! E por que Charles?”. Então, esse episódio aconteceu em Aracaju em uma entrevista que Charles fez para a Rede Globo local. Enquanto a repórter tentava extrair do skatista o significado das siglas JN, Charles, como prefere ser chamado, olhava para todos os lados torcendo para que ela pulasse essa pergunta.

Um comentário:

Unknown disse...

Esse manda muito no skate e é uma otima pessoa, merece tudo de bom.

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